[Resenha Nacional] Auto da Compadecida - Ariano Suassuna

em 20 de out. de 2021

Título: Auto da Compadecida
Autor: Ariano Suassuna
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2018
Páginas: 207
Compre: Play Plus Livros
Classificação: ✮✮✮✮✮
Sinopse: O 'Auto da Compadecida' consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi 'o texto mais popular do moderno teatro brasileiro'.

   O autor que é conhecido por sempre exaltar as tradições e culturas populares, nos apresenta mais uma obra excelente e um clássico da nossa literatura. Os atos se passam no nordeste brasileiro, e entre os diversos personagens iremos conhecer João Grilo. Um jovem de origem pobre, que usa sua astúcia e lábia para conseguir garantir sua sobrevivência, e com um caráter duvidoso ele se mete em várias encrencas e sempre levando junto seu amigo Chicó.

  Já Chicó é o típico contador de casos, que vive contando mentiras ingênuas e aumentando as histórias para poder satisfazer a si próprio. Junto com João Grilo, irá se meter em uma enorme confusão que se inicia por causa de um pedido: o enterro de um cachorro em latim. Usando sua lábia, ele consegue realizar todos os pedidos, mas no fim terá que ser salvo pela Compadecida.



  O livro é escrito em formato de peça teatral e conta com três atos, e encontramos elementos da tradição popular e da literatura cordel. O autor fez uma sátira incrível, no qual debocha dos poderosos e faz uma crítica social aos que são corrompidos pelo dinheiro e diferenciam os ricos dos pobres.

  E temos o juízo final, no qual João Grilo é defendido por Jesus e pela Compadecida, com uma cena incrível e recheada de críticas sociais, religiosa (sem exageros), política e a que aborda também o preconceito. Ariano tem o cuidado de escrever tudo com uma leveza incrível, e com muito bom humor, deixando uma leitura deliciosa e fluída que nos arranca boas risadas e ao mesmo tempo nos faz refletir.



" Eu, às vezes, chego a pensar que só quem morre completamente é pobre, porque com os ricos a confusão continua por tanto tempo depois da morte, que chega a parecer que ou eles não morrem direito, ou a morte deles é outra!"

   A adaptação cinematográfica é bem fiel ao livro, alguns personagens foram inseridos e algumas cenas acrescentadas, mas nada que mude a ideia central da peça. A escolha do elenco merece ser exaltada também, pois todos os traços dos personagens que encontramos no livro, podemos ver nitidamente em cada atuação.



Livro cedido em parceria com a editora nova fronteira.

Um comentário:

  1. Adoro o filme e por isso tenho muita vontade de ler o livro.
    Um filme maravilhoso como aquele só pode ter como base um livro igualmente maravilhoso :)

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